segunda-feira, 23 de fevereiro de 2004

CARNAVALAPALOOZA - Hard Club 21/02/04

Em noite de carnaval onde se pretendia que a festa fosse grande e animada, S. Pedro resolveu pregar uma partida e brindar com alguma chuva e frio a noite do Porto. Daí que, o Carnavalapalooza, que este ano contava com as actuações dos Le Partisan, The Fingertrips e Fat Freddy, tenha levado ao Hard Club pouco público, apesar de as bandas estarem a jogar em casa, tal como o Porto que venceu o Guimarães.
À meia noite e alguns minutos, os primeiros a subir ao palco foram os Le Partisan, que misturam em dozes certeiras a música popular, o rock e o experimentalismo. Desta caldeirada, bem condimentada, saíram a ganhar os sons mais populares, destacando-se da actuação da banda versões de Zeca Afonso e de alguns temas do cancioneiro tradicional português. Quando se atiravam para temas próprios, os Le Partisan faziam lembrar os Mler Ife Dada, o que não deixa de ser um elogio para o grupo. Sem grandes artefactos, a banda cria temas, que despidos de grades arranjos, cativam por isso mesmo. Com um naipe de músicos seguros, onde se destaca a voz feminina, que muitas vezes nos falsetes nos fez lembrar Maria João, o grupo só pecou por não imprimir um ritmo maior ao concerto, devido à constante troca de instrumentos. Temos então aqui, um projecto a seguir com atenção nos próximos tempos.
O grande momento deste corso foi trazido ao palco do Hard Club pelos The Fingertrips, banda que nas últimas semanas tem percorrido o país em animados concertos. Quando se toca semana sim semana sim, maioria delas mais do que uma vez, o resultado final só pode ser resumido em duas palavras: competência e profissionalismo. O ska-Rock-Alternativo-Champanhe (é assim que a banda apelida o seu som), que levaram até Gaia, foi tocado de forma contagiante por músicos que se entregam do primeiro ao último minuto, havendo ainda espaço para brindarem o público com piadas certeiras. Trajados a rigor fizeram a festa em noite de festa.
Por seu lado, os Fat Freddy, apesar de terem nos últimos tempos uma agenda carregada de concertos, não ganharam muito com isso. A fadiga, parece ter atacado os elementos da banda, fazendo com que o concerto perdesse alguma imaginação. Pepito, onde estavas tu? Só te vimos no final quando possuído de raiva partiste a tua guitarra. O Filipe e o seu contrabaixo parecem ter sido os que melhor resistiram a esta crise. Tirando isto, esteve mais uma vez neste concerto aquilo que se tem visto noutros ou seja, valsas, polkas, sons futuristas, country e jazz misturados em alguns minutos de música divertida e fora do vulgar. O disco “Fanfarras de Ópio” foi passado a pente fino de forma competente. Sábado à noite, estivemos perante músicos que se entregaram, até fazerem suar os seus instrumentos. No entanto, será urgente algum descanso, para que com as cabeças mais leves possam introduzir algo de mais fresco a este concerto, que começa a perder algum brilho.
Para finalizar resta mais uma vez dar os parabéns à Bairrista, que de forma inteligente soube provar que o carnaval também se pode passar a ouvir boa música.

Nuno Ávila