domingo, 16 de janeiro de 2005

AO VIVO EM COIMBRA DIA 14/01/05

Há dias assim, em que não se passa nada em Coimbra. E há outros assim, em que na mesma noite acontecem três concertos em locais diferentes. E não podemos esquecer o final de tarde no corredor da RUC onde os Micro Audio Waves deram um showcase, transmitido pelo Santos da Casa. À noite voltariam a tocar na via Latina. Mão Morta e The Act Ups foram as outras duas bandas a pisarem Coimbra nesse dia.
Com alguma ginastica conseguimos assistir a tudo. Como cantava António Variações: “O corpo é que paga”. E pagou…pouco. Às 15h00 de Sábado já estava de novo na RUC a fazer programa.

Micro Audio Waves no corredor da RUC
Estavam para tocar 30 minutos. Empolgaram-se e deram música a quem estava no corredor e em casa durante 45 minutos. Aquele corredor tem de facto magia.
O Flak, o Carlos Morgado e a Claudia entregaram-se de corpo e alma, presenteando todos com um concerto sóbrio, onde o álbum “No Waves” foi o pano de fundo. De registar a humildade e profissionalismo com que os músicos estiveram no corredor. Parecia estarem a tocar para uma plateia de milhares de pessoas. Em casa deviam ser muitos…
Mais uma vez a electrónica e o experimentalismo estiveram de mão dadas.
Por fim resta dar os parabéns ao nosso director técnico, Pedro Rocha, que conseguiu um dos melhores sons, que alguma vez o homem do microfone entre pernas, estampado na parede, ouviu.
Fui jantar. A próxima paragem era no Gil Vicente às 21h30 para ver os Mão Morta.

Mão Morta no Teatro Académico de Gil Vicente



Tiveram início as Sessões de Inverno, que os Mão Morta vão levar, país fora, a pequenos auditórios e teatros. São concertos para gente sentada. Por isso o rock fica à porta, para não causar prejuízos.
Para estes concertos a banda seleccionou um conjunto de temas mais planantes, onde as guitarras quase nunca estoiram e o experimentalismo está muito presente.
Mas como não há regra sem excepção, “Vertigem” é um dos temas que faz parte do alinhamento. De resto o concerto é quase todo ele preenchido com temas de “Nus” e “Primavera de Destroços”. Os Mão Morta souberam escolher na perfeição as músicas a tocar o que enriquece este espectáculo.
Este foi um concerto brilhante onde podemos ver uma outra faceta dos Mão Morta, com Adolfo Luxuria Canibal muito menos explosivo, mas na mesma muito teatral.
Ficamos com a certeza, se é que já não a tínhamos, de que os Mão Morta são de facto uma grande banda, se não mesmo a maior.
Com o fim do concerto, havia agora que rumar até ao Le Son, onde tocavam os The Act Ups na apresentação do novo número da revista Bíblia.

The Act Ups no Le Son


A equipa do Santos da Casa chegou ao Le Son pouco passava da meia noite. Fomos os primeiros a chegar e por isso ainda tivemos que esperar bastante para que a casa ficasse mais composta e a banda desse início ao seu concerto.
Quando os The Act Ups subiram ao palco, reparamos que a banda é composta por uma serie de músicos, que já não são novos e que se nota já não andarem nisto há dois dias. Daí que se esperaria outra atitude em palco.
O garage rock debitado pela banda merece uma outra postura por parte dos músicos. Que faz ali uma guitarra de bicos em forma de v a lembrar uma qualquer banda de hard-rock. E o que faz ali um vocalista cheio de tiques e com a mania de que é o maior. Um pouco mais de humildade não fazia nada mal.
Como o rock que saía das colunas não dava para aquecer a alma, o melhor era voltar de novo à zona da Praça da República, para ir até à Via Latina ver de novo os Micro Audio Waves.

Micro Audio Waves na Discoteca Via Latina


Desta vez não fomos os primeiros a chegar. Mas quase… Já passava das duas e meia da manhã e a casa quase às moscas. Não vai estar ninguém - comentava. Puro engano, em menos de um quarto de hora a casa encheu e já era difícil transitar. A noite está cada vez a começar mais tarde.
Já a altas horas da madrugada, os músicos subiram ao reduzido palco, para brindarem os presentes com a sua música. O alinhamento acabou por ser o mesmo da tarde. A entrega foi um pouco maior já que o calor humano assim o exigia.
Mais uma vez os Micro Audio Waves demostraram porque são neste momento uma das bandas mais aclamadas da cena nacional.
Mesmo aqueles que tinham ido à Via Latina apenas para dançar se renderam ao som do grupo, obrigando a banda a fazer um encore.
Ficou provado que em espaços mais pequenos a performance dos músicos resulta melhor. Flak controla-se mais e disfarça melhor os seus tiques de rocker. Mesmo assim não evitou um passeio por entre a multidão e um levantar do braço da guitarra que quase ia arrancando os óculos aqui ao escriba que estava quase em cima do palco.

O fim

Bom, tinha sido de facto uma noite em grande. O corpo pedia cama. E foi esse o passo seguinte. Rumar a casa para recuperar a energia gasta.

Nuno Ávila

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