terça-feira, 27 de junho de 2006

MALDITO FADO




1 de Julho Cine-teatro de Alcobaça
2 de Julho Casa da Música, Porto


A vivência continuada de uma música, que representa como poucas outras um modo de sentir, estar e ser profundo, e profundamente português, motivou Helder Moutinho, compositor e intérprete da nova geração do Fado, à criaçãode um espectáculo que represente em simultâneo a sua imensa tradição e o modo como ele está a ser recriado por aqueles que a ele chegam hoje. No fundo, trata-se de construir uma viagem sonora tomando o Fado como base musical, mas envolvendo-o noutras estéticas, com o atrevimento de trazer novos sons ao seu som e ao seu ser. A voz de Helder Moutinho, já conhecida dos seus trabalhos a solo, demonstra aqui uma versatilidade inquestionável, ao conviver de forma tão harmoniosa com a cuidada direcção musical e arranjos de Manuel D’Oliveira, guitarrista oriundo de universos distantes do Fado, embora tantas vezes chamado a contribuir para esta causa. No alinhamento que foi pensado para “Maldito Fado”, percorrem-se, através de clássicos da história do Fado aliados a composições originais escritas propositadamente para este espectáculo, todos os temas centrais à linguagemdo Fado. Os castiços e típicos bairros de Lisboa, os amores e desamores quecontam as suas histórias, as emoções de saudade e tristeza, a difícilcondição do fadista são aqui recriados como foram e reinterpretados comopodem vir a ser, de acordo com os tempos que mudam aos quais mesmo a emoçãodo Fado não pode ficar alheio. Conduzido pelos seus intérpretes nativos - voz, guitarra e viola -, anfitriões de uma reunião de outros instrumentos convidados como o acordeão ou a percussão, “Maldito Fado” resulta num espectáculo onde o Fado é a um tempo protagonista e culminar de tudo o que nele se encerra, reforçado e contaminado por todas as influências que o rodeiam.

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