segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Gnomon - “Jardim de Ferro” (Edição de Autor)





Depois de um primeiro EP saído em 2007 os Gnomon trazem na bagagens a mesma vontade inspiradora em criar música. Apesar de algumas diferenças obvias “Jardim de Ferro” é a continuação lógica do trabalho da banda de Joane.
Os Gnomon continuam a fundir estilos. Misturam o tradicional com jazz. Mostram carinho pela arte de improvisar. E polvilham aqui e ali o seu som com um pouco de progressivo.
Por altura do primeiro EP era quase imperceptível qual estilo tinha mais peso no som dos Gnomon, se o jazz se o tradicional. Era certo que as musicas dos Gnomon partiam sempre do tradicional, para depois se casarem de forma sublime com o jazz..
Em “Jardim de Ferro” o tradicional começa a ganhar mais peso na construção musical da banda. Logo a abrir o tema “Alvura” que nos indica na perfeição o caminho que a banda quer seguir e onde participam os Tocá Rufar e o Ensemble de Gaitas de Vigo.
Outra diferença, esta maior, que encontramos neste disco é a presença de voz em alguns temas. Em muitos deles a voz de Carla Carvalho funciona como mais um instrumento que adorna de forma muito bela o som. Mas temos por duas vezes canções onde as palavras se soltam, ao vento. Em “Passeio dos Contentes”, Zé Perdigão oferece-nos uma arrepiante interpretação. Em “Um Tempo de Por Ti Ser “, volta a ser Carla Carvalho a “dizer“ as palavras.
Apesar desta evolução obvia, que se saúda, os Gnomon não perdem a sua linha orientadora que os torna num projecto tão singular.
De realçar ainda a participação neste disco de Rui Luís Pereira (Dudas), Eleonor Picas, Hugo Correia dos Fadomorse, Artur Fernandes dos Danças Ocultas, David Viegas, Zé Valente e Tiago Dias.
Voltamos assim a estar perante um registo onde a melhor palavra para o definir é: fusão. Uma mistura sublime de estilos que nos trazem uma enorme paz de espírito.
“Jardim de Ferro” é um disco fervilhante, que se digere de forma fácil. Para este facto contribui uma produção simples mas certeira. Sem grandes artefactos, mas a deixar o som fluir de forma certeira.
Abre-se assim a porta para que o tradicional entre noutros palcos e para o jazz chegue a outras casas. Um encontro muito feliz.
Os Gnomon, não se desviam do seu caminho. Escovam o seu melhor fato, vestem-se de novo a rigor e partem para nova viagem, onde pisam caminhos de terra portuguesa.

Nuno Ávila

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