terça-feira, 16 de dezembro de 2014

NOVO LANÇAMENTO DA SHHPUMA RECORDS




















SHH014CD/LP // NORBERTO LOBO + JOÃO LOBO - OBA LOBA

Norberto Lobo e João Lobo dois dos mais proeminentes músicos nacionais juntam-se ao catálogo da Shhpuma, na companhia de um punhado de ilustres convidados.
Uma edição em CD e LP.
 
Norberto Lobo: guitarras, baixo electrico, fender rhodes, monotron, voz
João Lobo: drums, harpa, voz
Giovanni Di Domenico: piano, fender rhodes, reed orgão, sherman, voz
Ananta Roosens: violino, trompete, trompete-violino, voz
Jordi Grognard: clarinete, clarinete baixo, voz
Lynn Cassiers: electrónicas, voz
+
Niels Van Heertum: euphonium em Olarias,
Tak For Sherman e Magari
Daniele Martini: saxofone tenor em Magari
Gregoire Tirtiaux: saxofone baritono em Magari

“Mogul de Jade”, o disco que juntou dois Lobos – o Lobo Norberto e o Lobo João – numa música que confundiu os etiquetadores de géneros, não poderia ser um acto isolado. O guitarrista e o baterista estão de volta com um álbum que ainda tornará mais problemática, para os lojistas e para os coleccionadores de discos, a tarefa de os arrumar nas prateleiras. Há mais de uma maneira de ouvir “Oba Loba”: como uma obra de folk que vai muito para além dos códigos desse idioma musical, os do segmento “weird folk” incluídos (se conotarmos Norberto com esse rótulo inventado pela revista Wire), ou como uma criação de jazz que se deixou contaminar por outras expressões, mais ainda do que se tivesse surgido com o epíteto de jazz criativo (área em que habitualmente é colocado João).
A música é híbrida, ambígua, ambivalente, intersticial, e uma surpresa para quem pensar que as presenças, como “sidemen”, de Giovanni di Domenico, Lynn Cassiers, Jordi Grognard, Ananta Roosens, Daniele Martini ou Gregoire Tirtiaux, entre outros, são desde logo indicações de que a tónica geral é jazzística ou livremente improvisada. Não é. O jazz está lá, assim como os elementos folky, mas há mais para ouvir, muito mais, não sendo possível (ora ainda bem) classificar cada factor, cada influência, cada referência. Neste excelente título, está tudo em osmose, com as células a unirem-se em vez de tentarem uma divisão.

E o certo é que cada tema funciona como uma célula. As peças de “Oba Loba” têm todas curta duração. Não são propriamente miniaturas, mas funcionam como tal: sintetizam o que se quer dizer e logo terminam, por vezes com cortes abruptos e imprevisíveis. São como que apontamentos, esquissos, mas com a suprema ironia de serem pormenorizadamente compostos, orquestrados, interpretados e produzidos. Não é música feita por, e dirigida a, pessoas com défice de atenção: cada faixa foi tão elaborada quanto seria uma sinfonia inteira. O que se procura é o essencial, a essência das formas e dos sons, e este disco mostra-nos as descobertas feitas. São 10, e magníficas.
 
Ouvir / Shhpuma / Maria Matos

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