segunda-feira, 9 de fevereiro de 2004

HIPNÓTICA - “Reconciliation” (Metrodiscos)



Depois de terem andado a “experimentar” alguns sons, os Hipnótica reconciliam-se, neste seu mais recente disco com o formato canção. Contudo, não se pense, que ao entrar de novo em laboratório, a banda se desligou completamente do universo mais experimental e de improvisação que pintava o EP “Circle So Blue”. A verdade é que, as formulas quimicas usadas neste seu novo trabalho, apesar de serem quase as mesmas, são de mais facil compreensão para o comum dos mortais.
“Reconciliation” é um disco, que ao misturar no mesmo tubo, o trip-pop e o jazz, nos leva por caminhos que a banda nunca nos tinha feito percorrer. São 11 canções, sim porque este é um disco de canções, em que os elementos “roubados” ao jazz, lhe dão esse toque de maior improvisação.
Estamos perante um conjunto de canções, que graças à produção cirúrgica de Wolfgang Schloegl, dos Sofa Surfers, respira Viena por todos os poros. São musicas boas para ouvir num fim de tarde chuvoso, num qualquer pub, carregado de luzes vermelhas, e claro, acompanhados de um boa bebida. São temas nostálgicos, que por vezes julgamos não fazerem parte deste nosso tempo.
Se por um lado, o jazz dá a estes sons um toque mais antigo, por outro a electrónica que os veste, atira-os para uma modernidade, da qual seria dificil a banda escapar. O que o torna cativante, é a fórmula certeira que os Hipnótica conseguiram arranjar para não deixar este disco resvalar para nenhum dos lados. Este disco balança na corda bamba, mas não cai. Estes truques de equilibrismo só são possiveis, pois ao terceiro album a banda atinge um ponto de maturação invejável.
Estamos então perante um disco que se recomenda vivamente. Um disco que se deve ir ouvindo aos poucos, que se deve ir descobrindo a cada nota. Acima de tudo, um disco que se deve deixar repousar, como o bom vinho do Porto, para se escutar novamente em alturas que os nossos ouvidos nos pedirem coisas mais refinadas.
Quando forem comprar o Blitz desta ou da próxima semana, não se esqueçam de levar este cd para casa. Querem melhor altura do que esta para se “reconciliarem” com a música portuguesa? São trabalhos como estes que nos continuam a fazer acreditar que vale a pena ter fé nos artistas portugueses.

Nuno Ávila

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