sexta-feira, 23 de abril de 2004

NUNO, NICO + OVO – IPJ em Coimbra no dia 22/04/04

Primeira noite do festival Santos da Casa. Nuno Prata e Nicolas Tricot sobem ao palco. Nuno maneja ora um baixo, ora uma guitarra semi-acústica e canta. Nico está perdido no meio de uma bateria, mas tem ainda tempo para tocar flauta, kazoo e xilofone. Constróem uma música simples, com letras inspiradas, que nos toca o coração.
Nuno Pratas tem um passado que não consegue esconder. Foi baixista dos Ornatos Violeta. Tudo o que aprendeu nos 10 anos de vida da banda, está contido nas músicas que agora escreve. As influências que os seus temas transpiram, são as mesmas que já se faziam sentir nos dois álbuns que os Ornatos deixaram para a história da música portuguesa.
Em palco, as cordas da guitarra que Nuno dedilha, maioria do tempo, passeiam-se pela bossa nova. Quando pega no baixo, o som que se escuta lembra vagamente Violent Femmes.
Ouvem-se os primeiros acordes de “Guarda Bem o Teu Tesouro” e o público vibra. Acaba o tema “Vamos Andando” e o público fica de boca aberta, completamente rendido.
São apenas dois músicos em palco, “despidos”, tocando uma música que brota alma. Entregam-se até o suor pingar pelas suas faces. Deixam estampado no rosto de quem os vê a certeza de que o futuro passa por aqui. Já faziam falta coisas simples, para alegrarem esta vida cada vez mais cinzenta.

Nuno, Nico tocaram:
1 – Não deixes
2 – Nada é tão mau
3 – Fantasma
4 – Pergunta estúpida
5 – Volto para casa
6 – Já é sábado
7 – Figuras tristes
8 – Hoje quem
9 – Demasiado dentro
10 – Vamos andando
11 – Já não me importo

Os Ovo chegaram a Coimbra apostados em servir uma omelete carregada de electricidade. Este formato mais rock faz a música dos Ovo perder algum do seu encanto. Ontem a banda, serviu à “Mesa” um concerto que mais que uma vez, fez vir à memória um grupo de nome Clã.
Em palco misturam-se sabores jazz, electrónicos e rock. Os cozinheiros de serviço mostraram saber manusear na perfeição os utensílios que tinham em mãos. Entregaram toda a sua arte na confecção deste prato. Foi curioso ver duas baterias em palco. Os sons debitados pela electrónica fizeram em alguns instantes a música do grupo ganhar um brilho especial.
O público é que, pelo que demonstrou, não parecia estar com muito apetite. Renderam-se apenas a “Ferrugem a Atacar” e deixaram o corpo abanar levemente quando os ritmos ouvidos pareciam vir do Brasil. Nem a versão que tocaram de José Mário Branco do tema “ Cantiga do Fogo e da Guerra” fez esta gente acordar. No fim alguém comentava que faltava algum condimento às letras dos Ovo.
Contudo, ficou mais uma vez a certeza de estarmos perante um grupo bastante competente, que tem um futuro brilhante pela frente. Basta apenas que consigam transportar para cima do palco todo o encanto que os seus discos transbordam. Mesmo não tendo com eles o quarteto de cordas...

Os Ovo tocaram:
1 – Ferrugem a atacar
2 – Chegou o homem
3 – Não conselho
4 – Cantiga do fogo e da guerra
5 – Balada em open
6 – Vou entrar no teu ouvido
7 – Não mexe, não respira
8 – Síndrome de jerusalém

Nuno Ávila



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