segunda-feira, 28 de junho de 2004

RECORDAÇÃO - DUPLEX LONGA



Tudo começou em 1987, quando Mário Resende e Carlos Raimundo pensaram em entrar no concurso Novos Valores da Cultura. Para tal, precisavam de ter um projecto viável e original, e pelo menos três músicas. Ambos faziam parte de diferentes grupos que partilhavam o mesmo local de ensaios. O Mário era violinista nos Seres, grupo que explorava sonoridades portuguesas em ambiente Pop e o Carlos era baixista na banda Meliufell, com um estilo Rock / Vanguarda, na linha mais gótica.

Aproveitaram o feriado de 10 de Junho para começarem a acertar agulhas e trocar ideias. Dias depois, nascia a música "Primeira Viagem". Seguiu-se o tema "Tuareg", depois de um estudo dos vários estilos do Norte de África. Ainda faltava a terceira música e apareceu "Rio da Prata". Já podiam inscrever-se no concurso. Foram apurados e em Outubro tiveram a sua eliminatória.

Não venceram mas mereceram uma menção honrosa. Para princípio de carreira, parecia promissor.

Nos meses seguintes, dedicaram-se à criação de novos temas, e no ano seguinte participaram no 2º Concurso Novos Valores. Desta vez levaram o 2º Prémio, sendo o primeiro lugar para os K4 Quadrado Azul.

Mas foi o suficiente para começarem a ter convites para concertos em todo o país, entrevistas em rádios e participações na televisão (na altura, apenas a RTP). Foram gravados dois video-clips com passagem no programa "Pop-Off" do Canal 2. Apesar das suas músicas passarem diáriamente nas rádios, por via de maquetas, não havia convites para gravar por parte de nenhuma editora. A desculpa era sempre a mesma: "Não é comercial, portanto não vende. Se não vende, não se grava".

Lembraram-se então de explorar outra forma de espectáculo: convidaram vários músicos a tocarem com eles de forma improvisada ou semi-improvisada. Assim, tiveram participações como Anabela Duarte (Mler Ife Dada), Rodrigo Amado (Acidoxi Bordel), Luís Desirat (Ena Pá 2000), Cramol (Coro Feminino), Vitor Rua e Jorge Lima Barreto, além de outros músicos.

Em paralelo, criaram bandas sonoras para filmes ("Romance de uma música" de João Ponces de Carvalho), passagens de moda, clips de publicidade, etc.

Assim se passaram dois anos. Até que a editora MTM do Porto lhes propôs a edição do CD. Havia uma condição, sem a qual tal não seria possível. Era a gravação da master no próprio estúdio dos Duplex Longa, sendo apenas a passagem para DAT feita num estúdio profissional. Foram acordados todos os pormenores e, em 1992, saiu o tão esperado disco dos Duplex Longa, "Forças Ocultas".

A partir daí, e após a pequena promoção do disco, já que uma editora independente não pode suportar as campanhas promocionais que uma multinacional é capaz, os concertos dos Duplex Longa começaram gradualmente a escassear. Consequência do meio musical controlado por meia dúzia de tubarões? O certo, é que antes da gravação do CD, os espectáculos sucediam-se, sendo preciso, por vezes, recusar concertos por coincidirem com datas já agendadas.

É certo que continuaram a dar concertos, mas de tempos a tempos. Em 1995, convidaram Fernando Guiomar, um excelente guitarrista e compositor, a entrar para a formação, passando esta a ter três elementos base. Ainda fizeram novos temas com o Fernando, além de arranjarem os antigos para comportarem a guitarra.

Infelizmente, por motivos alheios à sua vontade, tiveram que pôr um ponto final na sua já
longa carreira. A única esperança ainda, é que o projecto volte a renascer um dia, tudo dependendo da vontade e disponibilidade de cada um dos seus elementos originais.

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