segunda-feira, 30 de agosto de 2004

NOITES RITUAL ROCK - JARDINS DO PALÁCIO DE CRISTAL NO PORTO DIAS 27 E 28 DE AGOSTO

O ritual lá se cumpriu pela 13ª vez. Dias 27 e 28 de Agosto a música portuguesa invadiu os jardins do Palácio de Cristal dividida por dois palcos. As noites tiveram início no Palco Ritual, alternando os grupos deste palco com os do principal. Como os dois locais não eram juntos, a romaria no final de cada concerto, tornava-se curiosa. O que acontecia sempre é que quando se chegava junto do palco que se ia ver, já o artista que se seguia debitava os primeiros acordes.
As horas aqui são para respeitar, pois a música não pode ultrapassar as 2h30 da manhã. Toca a abrir… não vá o tempo fugir.

DIA 27 DE AGOSTO

Palco Principal

THE LEGENDARY TIGER MAN
Paulo Furtado esteve em grande. Debitou o seu blues de forma escorreita. Agarrou o público que desconfiado olhava para o músico perdido no meio dos seus instrumentos.
Foram à volta de 25 minutos de viagem por terras Americanas, com o Legendário Homem Tigre a descarregar toda a sua energia.
Nota: 4

FAT FREDDY
Os Fat Freddy voltaram a não trazer nada de novo para cima do palco. O carrossel voltou a girar a alta velocidade, com os músicos a entregarem-se de corpo e alma. Quem nunca os tinha visto delirou. Quem já os conhecia de outros palcos, fica agora à espera de ver o novo espectáculo que estão a preparar.
Nota: 3

PLUTO
Quem esperava que os Pluto fossem o seguimento lógico dos Ornatos Violeta, pode tirar desde já o cavalinho da chuva. O novo grupo de Peixe e Manuel Cruz é bem mais pesado e um pouco menos interessante. Em palco os músicos mostraram-se ainda um pouco inseguros. Deram um concerto morno que agradou sobretudo aos verdadeiros admiradores dos Ornatos Violeta. Esperam-se melhores noites. Talento e engenho são coisas que por aqui não faltam.
Nota: 3

CLÃ
Grande concerto! Os Clã são músicos de primeira, e isso nota-se em cima do palco. Apesar de este ser mais um concerto de apresentação do novo “Rosa Carne”, do qual mostraram 5 temas, o que ficou mais uma vez provado é que se a banda não tocar os seus grandes clássicos, o público não agarra o concerto. Temas como “Dançar Na Corda Banda” e “H2omem” foram cantados em coro pela multidão. Os Clã souberam escolher de forma sábia as músicas a levar para cima do palco, e com isso tiveram o Palácio de Cristal na palma da mão.
Nota: 5

PALCO RITUAL
(noite de songwriters)

FRITZ KHAN
Já sou um grande jornalista! Não cheguei a tempo de ver Fritz Khan. Já devia saber que aqui se é mais pontual que em Inglaterra…

NUNO, NICO

Nuno Prata foi baixista dos Ornatos Violeta e isso está bem vincado nas músicas que escreve. De dentro da famosa concha, saíram notas leves e palavras sentidas. Fazem falta coisas simples para dar cor a esta vida cinzenta. Nuno foi perfeito, ora com a guitarra acústica ora com o baixo. O francês Nico marcou o ritmo certo de uma música que tem urgentemente de ser registada em CD.
Nota: 5

JORGE CRUZ
Jorge Cruz veio de Aveiro trazendo na sacola uma música simples e despida de grandes arranjos. Nos momentos em que à música popular foi beber toda uma forma de estar o músico agradou. Quando o fado lhe invadiu a alma Jorge Cruz soube enfeitiçar o jardim. Nos restantes momentos Jorge esteve ausente. Alguma coisa vai ter de mudar aqui…
Nota: 3


DIA 28 DE AGOSTO

Palco Principal

X-WIFE

Atitude punk. Concerto sempre a rasgar. Suor aos quilos no rosto dos músicos. Os X-Wife mostraram que ao vivo são muito melhor que em disco. Estiveram aqui de corpo e alma fazendo-nos lembrar uma qualquer banda dos inícios dos anos 80. Ganharam pela atitude e forma de encarar o rock como maneira de estar na vida.
Nota: 4,5

BLUNDER
Apesar de terem estado em cima do palco, os Blunder não estiveram no Palácio de Cristal. O concerto da banda do Porto passou totalmente ao lado da maioria dos presentes. Os músicos são competentes. O concerto não teve falhas. No entanto, isto só não chega para fazer deste um bom espectáculo. O rock que debitam necessita de um outro tempero. Ao vivo a coisa resulta quase como em disco, por isso há que tocar mais para ver se as coisas ganham um novo paladar.
Nota: 2,5

ZEN


Rock. Muito rock! Constantes descargas de energia, servidas por um leque de músicos que quase nos faz esquecer que os Zen têm um passado a defender, altura em que na banda estavam Jorge Coelho na guitarra e Ruizinho na voz. O novo guitarrista Deus Loura e a voz de João Fino mostram claramente que esta é uma banda do presente. Dos novos temas aos clássicos de tudo se ouviu, num concerto que não se esquece facilmente. Apesar de “Rules, Jewels, Fools” não ser um disco com temas que se colem tão bem ao corpo, como alguns dos anteriores registos, o que é um facto é que ao vivo a coisa resulta de forma espantosa.
Nota: 5

MÃO MORTA


Arriscar. Foi isso que os Mão Morta fizeram ao abrir o concerto com o tema de 25 minutos “Gumes”. A espaços o público ia tentando descobrir os músicos que estavam escondidos por detrás de lençóis brancos. Quando estes voaram e o rock invadiu definitivamente a noite tivemos oportunidade de ouvir alguns dos maiores êxitos da banda. Foi aí que os presentes libertaram toda a adrenalina, abanando a cabeça ao som da música dos Mão Morta. Pena é que apesar da entrega total dos músicos as coisas nem sempre tenham saído a cem por cento. Apesar de tudo, este foi um excelente concerto, onde mais uma vez Adolfo foi a estrela que brilhou mais alto.
Nota: 4,5

PALCO RITUAL
(noite Hip-Hop)

CAPPUL
Boas rimas e uma boa batida não chegaram para fazer deste um bom concerto. Notou-se em cima do palco uma grande insegurança por parte dos dois MCs. Capull necessita de uma maior exposição pública para que possa largar alguns dos seus medos. Tem alma… Agora há que fazer com que ela se liberte do corpo para poder voar.
Nota:2,5

NBC
A prestação de NBC começou mal e acabou ainda pior. Salvaram-se os temas do meio onde NBC, nas rimas, e Bomberjack nos pratos, mostraram que sabem do oficio como poucos. Ficou provado que um MC e um DJ chegam para fazer a festa. Agarraram o público e puseram a gera a cantar os temas. Músicas que cativam, pois ao rap juntam um pouco de soul.
Nota: 3

MATOZOO
O que resulta bem em disco, em palco torna-se num verdadeiro caos. 5 MCs e um DJ que por vezes também canta é de facto muita gente. A anarquia reina, os MCs atropelam-se quase sempre e a rima perde-se. Há gente a mais aqui. É urgente arrumar a loja.
Nota:2

Já passou mais um ano. As noites Ritual Rock, o mais antigo festival português (sem paragem), voltam a demonstrar uma enorme coerência em termos de apostas musicais. Sem cair no lado mais comercial mostram as bandas de que se fala no momento. A produção levada a cabo pela Xinfrim é impecável e sem falhas. O público comparece. Por isso temos a certeza de que para o ano aqui estaremos todos novamente.

Nuno Ávila

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