sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

NATALAPALUSA - Hard Club dia 23/12/04


A noite estava fria. Não convidava a sair de casa. Talvez por isso, foram poucas as almas que se deslocaram até Gaia para comemorar o Natal ao som de música portuguesa.
Apesar, de a maioria dos músicos que nesta noite subiram ao palco do Hard Club, já andar nisto há mais de 10 anos, os projectos que os moveram até este Natalapalusa, são desconhecidos da maioria do público. Isto apesar, de tanto os Dead Combo, como os U-Clic, como os Micro Áudio Waves terem lançado dos melhores discos deste ano de 2004.
Os primeiros a subir ao palco foram os Dead Combo, projecto de Tó Trips. Apesar de serem só dois, e de a sua música ser demasiado intimista para um espaço tão grande, conseguiram dar o espectáculo mais quente da noite. Tó Trips mostrou ser um mestre na guitarra. Por instantes misturaram-se o fado, o western e o tango em alguns minutos de música. Ainda estou para perceber se foi o fado que invadiu um saloon, ou se foi o western que entrou numa tasca do Bairro Alto.
Depois, algo radicalmente diferente. A electrónica mais industrial dos U-Clic, de Tomar, tomou conta da noite, num concerto cheio de cor e som. Aqui a palavra multimédia faz todo o sentido se for usada para descrever o concerto levado ao Hard Club pelos U-Clic. Tela branca em fundo de palco. Dois músicos de fato branco (porque é que o terceiro elemento veste fato preto?). Imagens projectadas na tela e no corpo. Se o local fosse mais pequeno o resultado teria sido ainda mais invulgar. Ficamos à espera de poder ver os U-Clic num espaço mais perto de nós.
Para fim de festa, os Micro Áudio Waves brindaram o público com a sua electrónica de vertentes mais experimentais. Em palco a banda soa bastante rock, perdendo-se assim aquele encanto que nos trazia o seu cd. Maioria do tempo Flack esquece-se que está em palco com os Micro Áudio Waves e assume a mesma postura que tem nos concertos dos Rádio Macau. Dá um colorido estranho à performance. Apesar de alguns problemas técnicos, o concerto teve a espaços bons momentos. É urgente voltar a ver os Micro Áudio Waves.
A Mundo de Aventuras, que organiza já há alguns anos este evento, sempre quis arriscar ao escolher as bandas. Ainda bem! Só que este ano o risco foi maior. A aposta apesar de inteligente, não foi totalmente ganha. Os grupos mereciam mais público. Por isso é urgente parar e reflectir. Fazia se calhar todo o sentido pôr uma banda da zona a tocar. Foi assim que no Natal de 2003 o Horda Clube encheu.

Nuno Ávila

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