segunda-feira, 28 de agosto de 2006

Umeed - “ Hustle And Bustle” (Edição de Autor)




Rock de traços indie. Os Umeed nasceram em 2001 movidos pela chama dos Radiohaed. Hoje, continua ainda a ser a banda de Thom Yorke a grande força vitaminada que faz mover o grupo de Viseu. A voz de Pedro Peles segue muitas vezes na sombra da de Yorke, e nos temas mais etéreos a banda de “ Hustle And Bustle” pisa nos calcanhares dos Radiohaed dos álbuns mais recentes. Em momentos mais rock é o glamour dos Placebo que toma conta da ocorrência. Não será igualmente mentira se dissermos que por aqui paira ainda o espírito de Jeff Buckley.
Apesar de tudo isto, eles conseguem criar um disco que sabe a Umeed. Fazem um belo trabalho de casa, pegando no legado dos seus ídolos, para o reconstruírem à sua maneira.
Estamos assim, perante um álbum que sem ser inovador, nos contagia pela sua frontalidade. Um disco repleto de grandes momentos de música. Sim, porque os Umeed, estudaram pelos melhores livros, a formula de criar canções. Momentos que ficam impregnados no nosso corpo.
Nos dias que correm já nada se inventa. Tudo se recria. Os Umeed não querem descobrir o pote no fundo arco-íris. Querem apenas os seus minutos de glória. E quem cria um tema como “ What to do With You”, merece de facto algum reconhecimento. Há muito que não se ouvia uma canção tão sofrida como esta.
Se o rock dos Umeed assenta essencialmente nas guitarras, é em momentos onde o violino dispara, os teclados nos invadem a alma e o piano nos arrebata o coração, que eles provam que para fazer música se tem de ser inteligente. Aqui o que importa é dar sentido ao som, vestindo-o com os melhores fatos.
Estamos assim perante um disco, com nove quadros, que seguindo o mesmo fio condutor, nos apresentam, contudo, paisagens com a sua própria textura.
Estamos assim, perante um disco coerente. Estamos perante um disco com alma. Forte. Encorpado. Experimental por segundos.
Os Umeed são uma banda adulta. Que sabe qual o caminho a seguir neste difícil mundo da música. Não há muitos assim. Que criam com os olhos postos no seu coração. A pensar que se a música que brota do seu interior lhes dá prazer a eles, com certeza que há-de dar prazer a outros.
E dá mesmo! Um enorme prazer!

Nuno Ávila

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