quarta-feira, 31 de maio de 2017

NA CASA INDEPENDENTE




















Sábado - 03 de Junho
22h30 - Primeira Dama (concerto apresentação) + Lucía Vives (concerto) + Kerox (dj set)

Primeira Dama fascina pela forma como as suas canções crescem da simplicidade de alguns acordes no órgão, para uma complexidade melódica marcada pela voz (e tiques da voz) e os poemas imensos que o Manel desfila de rajada. E o que parece uma composição inocente e directa ao primeiro encontro, transforma-se num mar de sensações à medida que a canção vai crescendo.

Gravado em Aveiro, com a ajuda preciosa de João Sarnadas (Coelho Radioactivo), o disco revela que o Manel continua a cantar de forma directa, com a sua voz a projectar uma alma invulgar (que, até com algum atrevimento, podia chamar de Fado), mas com um nível de ambição surpreendente. Sente-se por um lado a necessidade de manter Primeira Dama no chão, mas por outro, os arranjos começam a levar o Manel para voos maiores.

Ao primeiro tema, a ode “Rita” (que é tão bonita, canta ele), está toda a identidade de Primeira Dama, com órgão a ditar tudo, mas com um piano a saltitar no sítio, palmas a ritmar e outros pequenos detalhes que elevam o que é simples para uma beleza que se vai apreendendo aos poucos.

À medida que o álbum se desenrola, também a produção nos leva por curvas e contra-curvas inesperadas, ora com ritmos de várias latitudes, ora com guitarras carregadas de “chorus” como acontece na faixa “Enredo” ( aqui o Manel responde “Tu sabez!”) a lembrar a pop mais luminosa de Connan Mockasin.

Mas para lá dos arranjos mais detalhados que vão recheando este conjunto de canções, até ao breve recital de piano em “Pega Monstro” que encerra o disco, a poesia é uma fotografia da vivência de um jovem de 20 anos. Conhecemos amores e desamores, sonhos e embates com a realidade, assim como uma visão muito particular da cidade de Lisboa, colina acima, colina abaixo.

Em “Primeira Dama” encontramos o Manel a crescer de forma desmesurada e a provar porque é um dos nossos maiores talentos. Se em “Histórias Por Contar” nos despertou a curiosidade sobre o que poderia vir aí, no novo álbum não só confirma o seu génio como volta a lançar sementes para o que poderá ser o futuro desta pop jovem mas sentimental, de poesia directa mas ao mesmo tempo complexa pelo desfilar de letras que encaixam que nem um puzzle perfeito.

Este é um disco para abraçar sem complexos. E se já passarmos dos 20 anos, que seja também para reaprendermos a crescer como a Primeira Dama.” TC

1ª Parte: Lucía Vives:

“Da série “cantautores da Xita Records” surge Lucía Vives, baterista e compositora das Ninaz e de Vaiapraia & As Rainhas do Baile. A solo, Lucía escreve canções simples e ultradiretas, para cantar baixinho, de mãos dadas com quem mais gostamos. Lucía demonstra uma enorme queda para as letras, sempre carregadas de imagens fortes e palavras bonitas. Lançou em fevereiro ”Príncipe Real”, produzido por Luís Severo. Façam silêncio e sorriam!” LS

DjSet – KEROX:

“Metade das Migas (com a Primeira Dama) e baixista virtuoso de outros projectos da Xita Records, editora que fundou, António Queiroz aka Kerox é também o principal experimentalista desta família e na noite de dia 3 de Junho será o nosso anfitrião em modo DJ, sendo guarda-costas do seu melhor amigo.” ML

Cartaz por Margarida Honório

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